quarta-feira, 16 de setembro de 2015

Sonho acordado

A viagem comporta um ensejo, 
Um sentido de expectativa do 
Mundo; o nosso próprio mundo 
Afinal. Viver! A torna-viagem é o 
Desenho alegórico do fim; onde
O olhar se torna num demorado 
E gozoso exercício de gratidão 
Face ao mundo a que nada se 
Pede e tudo se agradece. É um
Sentido novo de despojamento 
E de revisitação feliz da matéria 
Dada. O riso dá lugar ao sorriso. 
É uma vénia e não um aceno; já 
Todas as malas foram abertas e 
Todas as roupas usadas. Nós os 
Nus diante de nós, nus. Olha-se 
Em contentamento o portento o 
Inteiro do Graal, ou espanto ou 
Esplendor da vida. Rememorar; 
Reviver é beijar de olhos abertos 
Porque o sonho é a grandeza do 
Vivido não do sonhado, o original 
Prevalece sobre os duplicados. 
A asa e motor: ambos de amor.

(c) Filipe M. | texto e fotografia (2015)

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