domingo, 28 de fevereiro de 2016

O Aberto

Tanta vez o espanto
Tanta vez continuado
Tanta vez a primeira 
Tanta nunca a última
Tanto amor inacabado. 


(c) Filipe M. | texto e fotografia (2016)

sábado, 27 de fevereiro de 2016

Retrato

Alvor aberto o
Tempo incerto 
Desacerto do
Que me resta. 


(c) Filipe M. | texto e fotografia (2016)

sexta-feira, 26 de fevereiro de 2016

O Novo Dia

A monotonia iguais 
Todos os dias nem
Dia-sim e dia-não é 
Solução! É de trazer 
Assim logo à manhã 
A cor que a chuvada,
Seu caudaloso curso,
Para montante levou. 

Somos sem alegria!
Disse por não saber 
Desta fé a boa gente 
Que as cores sãs são 
Diluentes e que de seus 
Afluentes aquele mesmo
Curso trouxe para outras 
Margens um novo riso rio. 


(c) Filipe M. | texto e fotografia (2016)

quinta-feira, 25 de fevereiro de 2016

Vertical

Todas as montras são 
Caminhos horizontais. 


(c) Filipe M. | texto e imagem (2016)

Bons ventos

Mastigava o vidro 
E depois soprava-o:
Eram bolas de sabão,
Esferas transparentes,
Arco-íris escorregadios 
À superfície os planetas
De bolso no delicado voo
P'lo ar azulado onde sorria,
A enorme alegria da tristeza 
Que tão fundo de si escondia. 


(c) Filipe M. | texto e fotografia (2016)


quarta-feira, 24 de fevereiro de 2016

Marazulia

No branco cal para
Além Tejo o casario 
D'olhos azuis rímel:
O traço das janelas
Lograr cores de mar 
Num céu intencional. 


(c) Filipe M. | texto e fotografia (2016)

terça-feira, 23 de fevereiro de 2016

Retrovisão

Sinto que te conheço
Amanhã: aconteceu 
Ontem a madrugada.


(c) Filipe M. | texto e fotografia (2016)

Descompasso

Não vieste
Eu não fui 
Não disseste 
Eu não ouvi 
Não quiseste
Eu não cri. 


(c) Filipe M. | texto e fotografia (2016)


segunda-feira, 22 de fevereiro de 2016

Frio

Tenho mais frio
Que o frio que 
Faz. É aquele 
Que a gente 
Traz quando 
O calor que
Havia não 
Volta mais. 
 

(c) Filipe M. | texto e fotografia (2016)

domingo, 21 de fevereiro de 2016

Entrevisto

Um ponto de vista
É lugar donde vejo
Quem sou e almejo
O ângulo que parte 
E reparte a melhor 
Parte do que ainda
Ou por nunca vindo. 


(c) Filipe M. | texto e fotografia (2016)

sábado, 20 de fevereiro de 2016

Desimportante

É uma porta 
Duma porta 
A parte que 
Me importa!


(c) Filipe M. | texto e fotografia (2016)

sexta-feira, 19 de fevereiro de 2016

Um degrau

Por vezes, pergunto-me 
Quanta tristeza nos cabe? 
No limite a do tamanho 
Abaixo do da alegria!?


(c) Filipe M. | texto e fotografia (2016)

quinta-feira, 18 de fevereiro de 2016

A Bela Adormecida

The Sleeping Beauty


Filipe M. | fotografias (2016)

O forro de cetim

A alegria tece tristeza
Como assim a manga 
Se veste na brandura 
Do forro de cetim e a 
A mão é península do 
Braço que me seduz
Abraço. É da tristeza 
Sua natureza prover 
Agasalho quando os 
Dias nos esquecem 
Da alegria que tinham. 
É de lã macia o casaco 
Que nos aquecia antes 
Do regresso desse sol 
Em que permitidos nos 
Despimos na despedida. 


(c) Filipe M. | texto e fotografia (2016)

quarta-feira, 17 de fevereiro de 2016

Utopia

Morri como vivi 
Na incessante 
Busca de mim 
Desassossego 
Que mais que 
Fins permeios
De recomeços
Posto caminho,
Os daqui para 
Lado nenhum!


(c) Filipe M. | texto e fotografia (2016)





terça-feira, 16 de fevereiro de 2016

A bordo dum beijo

No reflexo do espelho 
Triste não sou eu o que 
Se mostra e demonstra 
Que o ter sido foi essa 
Forma que então podia 
Não sabia da filigrana 
Dos dias cujo ouro é 
Da nua alegria dum 
Tipo de corpo que 
Se abraça no alto 
Bordo dum copo 
E boca tinto se 
Abre num beijo.


(c) Filipe M. | texto e fotografia (2016)

segunda-feira, 15 de fevereiro de 2016

Azuis

(azuis fechados,
envergonhados;
azuis abertos;
todos dados).



(c) Filipe M. | texto e fotografia (2016)

domingo, 14 de fevereiro de 2016

O trajo que trago

A inacabável simplicidade 
Do mundo onde vivo por 
Empréstimo e de mim a 
Felicidade que tinha no
Modo antigo a visitar a 
Manhã d'hoje perfeita 
De nada que não peço 
Porque não precisa de 
Acréscimo: a chuva cai
E estou aqui d'amanhã 
Tanto agora que jamais 
É palavra que não digo. 
Se me chamares, fá-lo
Hoje que sou feliz sou 
Deste agora sem hora
E o onde e o quem não 
Estive nem fui não sabe 
Nunca soube este meu 
Nome que trago e trajo
Usado p'lo lado de fora. 


(c) Filipe M. | texto e fotografia (2016)

quinta-feira, 11 de fevereiro de 2016

Cabimento

Meio caminho 
Duplica o meu 
Próprio porque 
É nessa metade 
Que julgo dada
Que cabe toda
A distância que 
Te recebe inteiro. 


(c) Filipe M. | texto e fotografia (2016)

quarta-feira, 10 de fevereiro de 2016

Diário

Nunca nada mais
Quis ser que uma
Janela aberta de 
Par em par do sol 
Seu nascer diário. 


(c) Filipe M. | texto e fotografia (2016)

terça-feira, 9 de fevereiro de 2016

O outro.

Solidão não é estar 
Sozinho; é ilusão de 
O ser acompanhado. 


(c) Filipe M. | texto e fotografia (2016)

segunda-feira, 8 de fevereiro de 2016

Breve

Então um exercício de intimidade:
O contra-luz a vestir a brevidade 
De sermos nus contemporâneos.


(c) Filipe M. | texto e fotografia (2016)

sábado, 6 de fevereiro de 2016

Desenhada

A cabeça inclinando-se, procurando o ombro. 
Um gesto adivinhado - sempre novo (outro!),
O teu olhar desenhando um arco com o meu. 
Tínhamos essa porta. E foste! Cabe muito no
Pouco com que nos deparamos. Ficámos eu. 
Eu contigo, já sem ti. Um fio que puxamos da 
Camisola que vestimos e um fuso a memória 
Tecendo agasalho. A tarde aquieta-se como 
Se a manta nos crescesse pelas pernas toda 
Ela ternura, um abraço de lã e amainada essa 
Tempestade do mar-chão da saudade. Triste, 
Desenho uma janela onde me ponho para que 
Possa. Adivinhar-te chega; possa a tua mão e 
Num gesto adivinhado, sempre novo (outro!) 
Eu junto a minha. Foste e ficámos: eu contigo. 



sexta-feira, 5 de fevereiro de 2016

quinta-feira, 4 de fevereiro de 2016

Instável

É no plano 
Inclinado 
Que me 
Endireito.


(c) Filipe M. | texto e fotografia (2016)

quarta-feira, 3 de fevereiro de 2016

A partir

Se o que vejo é parte
Tem a parte que vejo
Em imaginação seu
Acrescento. Se tudo 
Vir, desatento, cego.


(c) Filipe M. | texto e fotografia (2016)

terça-feira, 2 de fevereiro de 2016

A visita

O quanto de morte só a vida tem
Porque só o que vive se extingue 
Porque vida alguma a morte tem.
Nem uma e outra ninguém detém!
Por certo o d'aquém pregresso e 
O d'além muito mais d'acerto têm 
Que este meu teu tempo incerto.


(c) Filipe M. | texto e fotografia (2016)

segunda-feira, 1 de fevereiro de 2016

Certamente

Do que de mim pensam outros
Dependo eu não inteiramente.
Assim também inteiramente 
Não dependo eu do que de 
Mim mesmo eu mesmo às
Vezes penso. Inteiramente 
Eu não acho nada e o dobro 
De nada não é inteiramente 
Metade! Mas em verdade 
Nada não o será certamente! 



(c) Filipe M. | texto e fotografia (2016)

Por assim dizer

P'la janela era luz a manhã 
Por dizer este amor assim
Sorrindo que tu chegaste!


(c) Filipe M. | texto e fotografia (2016)