sábado, 26 de setembro de 2015

Recado

De mão em mão fizemos dois pares
Que atravessaram os aéreos lugares 
Fito de lograr aquele onde pousar as 
Minhas sobre as tuas. E falaste dum 
Jardim vindouro sempre que alguém
N'alguma parte do mundo se queira 
Beijar; e que o soubéssemos cuidar 
Disseste que as aves são belas mas 
Triste seu voar se não tiver donde vir 
Nem onde chegar Que não fiquemos 
Sós porque todos nós precisados de
Ninho para nascer; de braços longos 
Onde morrer o penúltimo dos beijos.
Disseste que todo este mar é a taça 
Das mãos de Deus onde caem todas 
As lágrimas das aves que choram no 
Céu a dor dos que ficam na saudade 
De quem partiu e não voltou. Vem e 
Segue o caminho de olhos fechados
Só assim me verás. Estou aqui. Vês! 
Dá a tua mão à minha. Fica o tempo 
Que tu quiseres. Só agora se faz dia. 
O último beijo, de todos eles o primo 
Daremos nós quando reencontrados 
Murmuraste antes de adormeceres.

(c) Filipe M. | texto e fotografia (2015)

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