sábado, 31 de dezembro de 2016

(e)terno

Eterno ternamente no teu amor 

Terno eternamente o meu amor



(c) Filipe M. | texto e fotografia (2016)

sexta-feira, 30 de dezembro de 2016

Sabendo

Soubesses o cansaço 

Pedras que pesam os 

Pés que não andam e

Mãos que não voam e 

Se to disser, por certo 

Sei que me crerás tolo 

Daí me calar até ser dia 

E nunca mais regressar;

Muito menos a mim mor

Do que a qualquer outro

Lugar de ti nunca sequer 

Tentar me apartar eu sou 

Essa parte que não podes

Amar nunca entrado saído

Um círculo o raio abraçado

A compasso desenhado no

Diâmetro de lado a lado céu

Geométrico que seguro com 

Meus braços azul até mais o 

Não poder suster em dor cair 

Em mil pedaços o meu sonho 

Pedaços que refaço à mesma

Precisa cor azul, eternamente 

Sísifo, cada pedra pena acima 

E abaixo, e tantas apenas uma

Ainda assim, talvez num tempo 

Tardo possa repouso encontrar.



(c) Filipe M. | texto e fotografia (2016)

quarta-feira, 28 de dezembro de 2016

Bens maiores

Os grandes males 

Alongam sombras

Os sorrisos breves 

Sóis que acendem

Em paz as chamas

Que invocam amor.



(c) Filipe M.| texto e fotografia (2016)

sábado, 24 de dezembro de 2016

Dezembros natais

Teimo o Natal! A minha meninice convocan

A tua e a tua também. Magoa por quem já cá

Não está e por quem já não somos. Vi sorrir!

Vi namorados, enamorados enlaçados, ruas

Cheias e sorrisos misturados de idades cãs

E gente de palmo e meio pasmos das luzes 

Que me pasmam na meninice que convoca 

O meu lado triste e que a sorri na cidade e 

Vi sorrir e sorri e é Natal afinal há igrejas e

Cheiros quentes das castanhas assadas e

Há mãe e mano e gente e seu afã a sorrir 

Vejo e desejo intimamente que se beijem.

E que vale a pena o amor com quem quer

Seja. Ah meu pai, dá a tua mão à minha e 

Conto-te o Rossio a cidade à beira-Tejo e

O Chiado todo iluminado e gente de tanto 

Lado. É Natal e dói e há gente a sorrir por 

Amor seja donde for. Sou menino, o puto 

Sem pudor no espanto da luzes; bonitas! 

São bonitas meu pai. E da cozinha desse 

Passado vens tu e minha mãe em cheiros 

Bons do açúcar do amor nossa consoada. 

Faz mal mas pai há gente a sorrir! Vês, eu 

Também apesar de tudo. Ah sim a cidade 

Que me passa e repassa e onde te ponho

Flores de pensamento em pensamento e 

Me trazes maresia de amor e mesmo os 

Desamores de quem gosto sem rancor.

É Natal afinal. Há gente boa. Há gestos 

Inaugurais de inútil felicidade sem PIBs

Ratios, rendibilidade e vectores. Viver!

Esse atrevimento, essa aleivosia, doce

Maravilha. Sou menino e deito a língua 

De fora aos parvalhões que me gozam 

E gosto deles; somos gente transitória 

E não me importo e finjo quase tão mal 

Como eu também que digo gosto disto 

Do bulício dos putos encasacados que 

Suam felicidades de dezembros natais. 

Há namorados que namoram e desejo 

Ser um deles e roubar um beijo pronto 

A devolver. É Natal e repicam os sinos 

E há campanários citadinos e mãe eu 

E mano e amigos e Telma filha minha 

De meu irmão e gente que me sorri!!

É Natal, e mesmo quando eu morrer 

Haja quem que nestas ruas me veja.



(c) Filipe M. | texto e fotografia (2016)

sexta-feira, 23 de dezembro de 2016

quinta-feira, 22 de dezembro de 2016

Por onde passo

No dia em que o amor acabou

Foi aquele em que mais o senti 

Por ti e saí para que apenas ele 

Ficasse e se o trouxe em parte 

Foi para que não se acabasse 

Ele assim tão completamente

E trazê-lo em mim e dá-lo às

Ruas por onde passo porque

Enorme ingratidão o seria se

Do seu alto posto o coração 

Meu por desdita o negasse. 



(c) Filipe M. | Texto e fotografia (2016)

quarta-feira, 21 de dezembro de 2016

Este

De todos os teus 

Lugares habito este!



(c) Filipe M. | texto e fotografia (2016)

terça-feira, 20 de dezembro de 2016

A mais funda

Talvez que do desamor

O que mais doa seja o 

Exílio da invisibilidade.



(c) Filipe M. | Texto e fotografia (2016)

segunda-feira, 19 de dezembro de 2016

O Porta-voz

Só aos mais altos dentre nós é dada uma 

Voz que nos convoca para a matéria alta 

Do Sonho! E quando ele emerge Pleno e 

Claro, essa mesma voz é todola rasa de

Silêncio para que só se nos oiça a nós!



(c) Filipe M. | texto e fotografia (2016)

domingo, 18 de dezembro de 2016

Sementeira

A felicidade semeia campos 

Em flor talvez que na tristeza

As colhamos e a morramos.



(c) Filipe M. | texto e fotografia (2016)

sábado, 17 de dezembro de 2016

Who is the master?

Who is the master? Who is the slave? 

Are you walking the dog, 'cause that 

Dog isn't new Are You out of control, 

Is that dog walking you Haven't you 

Had enough, now your time is up.

[M. Ciccone]



(c) Filipe M. | fotografia (2016)

sexta-feira, 16 de dezembro de 2016

Out of water

Fish gotta swim, birds gotta fly

I gotta love one man till I die

Can't help lovin' that man of mine

Tell me he's lazy, tell me he's slow

Tell me I'm crazy, maybe I know

[Jerome Kern, Oscar Ii Hammerstein]



(c) Filipe M. | fotografia (2016)

quinta-feira, 15 de dezembro de 2016

A Quem?

Não esperava ninguém 

Já não esperava ninguém 

Esperar pressupõe alguém 

Alguém real ou irreal também 

Espera agora porque há quem. 



(c) Filipe M. | texto e fotografia (2016)

quarta-feira, 14 de dezembro de 2016

Ao teu caminho

Dá-me todalas 

Flores nascidas 

Dos teus passos.

Uma por cada dia 

Seu trilho os meus

Passos encontram! 



(c) Filipe M. | texto e fotografia (2016)

terça-feira, 13 de dezembro de 2016

A Última Ceia

É Natal vens de além 

Mais ninguém aquém 

Belém traz dezembro

Que meu menino de lá 

Vem frio e chega tarde 

De fome emaciado traz 

Consigo cansaço antigo 

Antes 'inda deste mundo

Esquecer o madeiro ferro

Onde foi por nós pregado. 

A esta mesa vinde tua ceia 

Connosco comer fazei hoje 

Apenas hoje nossa vontade. 

Sei que não te demoras mas

Ficai um pouco mais apenas: 

Para sempre o teu lugar vago. 



(c) Filipe M. | texto e fotografia (2016)

segunda-feira, 12 de dezembro de 2016

Inacabado

Quando a luz desce 

Aclara aquele findar

Começo começado

Desde já inacabado 

Haveria sempre um 

Remate um arranjo

Bastará o primeiro 

Que tudo é inteiro

Segundo soa eco

Unidade é o fim

Que leva o que 

Te trouxe aqui. 



(c) Filipe M. | texto e fotografia (2016)

domingo, 11 de dezembro de 2016

Um tempo

Um tempo imóvel. Parei e saí; encostei

A porta. Olhei breves instantes e segui

Para ali perto, nem tão-pouco intenção 

De ir mais-além. Uma pausa e estendo

Minha existência inquieta na cama mel 

Do silêncio sua esteira e sem estorvos

A espreguiçasse. Dou-lhe embalo mãe 

Prenúncio da acalmia sem sono e sons 

Chegassem remotos de longa distância. 

Só rumor meu pensamento, as turbinas, 

A maquinaria mental na pausa industrial

Do cigarro. O mar está todo fora de mim

Todo ele externo - líquida cintura uterina.

Peço água; a maré em reverso. A mim um 

Mar, em mim um mar. Meu deserto ondula

O ar, sem peixes, nem regressos. Um anel 

Casa o dia e retomo-me. Ali estou à minha 

Espera quieto e o mundo recomeça igual e

A sede é minha e não faz ruído logo imersa

Na alta partitura fabril do fazer dos dias seu

Devido uso. Entro; um derradeiro olhar. Sigo.



(c) Filipe M. | texto e fotografia (2016)

sábado, 10 de dezembro de 2016

Dezembros

Vi hoje o teu o teu e o teu 

Coração debaixo da pele! 

De mão em mão o deram

E agora a ti o meu to dou!



(c) Filipe M. | texto e fotografia (2016)

sexta-feira, 9 de dezembro de 2016

Isso

Não me peças a única coisa que não tenho: 

O ser feliz. Nunca o fui. O dizê-lo tão assim,

Parece que nunca a felicidade por ti passou

E tal não é vero! Vejo o sol e inda assim não 

O sou. E a boca tem beijos e os abraços os 

Teus braços e os olhos vêem cousas belas  

Se me disseres espectador direi: talvez! Se 

Me disseres o palco direi: sorriso para que 

Te desatente do meu olhar. Pede-me toda

A roupa do corpo ao ponto da nudez, mas 

Não me peças o que não tenho para te dar

O mar, um só pano líquido cobre o mundo 

E seus dedos os tantos rios, tem sobre ele

Barcos para lá de barcos e, tal como a ave

Que voa o céu e o não é, assim eles o mar 

Nunca serão. Assim, trago grato contento,

Embora não o que me pedes, na algibeira

Onde, por não caberem não minhas mãos

Mas os dias que desembolso à sorte mas 

Não o que me pedes e ainda que a dê ou 

Que me tenha poisado nasci com o olhar

Assestado ao fim que por se ir chegando

Se aquieta como outrora eu no teu corpo. 




(c) Filipe M. | texto e fotografia (2016)

quinta-feira, 8 de dezembro de 2016

O Encantador de Histórias

Era uma vez! Aqui; todos uma outra vez!

Onde duas mãos, pontuação gramatical,

Nunca escreveriam o ponto final. Maria,

Meu menino-pai nasceu, advento o dia.

Havemos de encontrar-nos, justa hora

O tempo certo da palavra anunciada e 

Teu rosto um nome que a mim me dei

Para viver-te o mais além que possas.

Eu que te encontro, o mesmo eu que 

Te perde tão de perto naquele beijo

Que adoçando minha boca amargo.


Há muito, muito tempo, havia...! Eu 

Sonhava, hoje menos oh não muito 

Menos, porque não há como saber

E pouco importa afinal. Sonhava o 

Real; isto, o aqui, o hoje, não me é

Quase nada. Imaterial o que me é

É onde sou o meu real, menos no

Agora que no por revelar o sonho. 


Era uma vez! O dia feliz, satisfeito 

Como um círculo aro perfeito raio 

Solar o teu abraço; nada mais eu 

Preciso. O mundo é tão pequeno 

Sítio!! Podem muito mais os teus 

Sonhados sonhos idos p'ra onde 

Teu mar suas correntes os levar!

Páginas d'água do mais doce sal 

Mas lê o encantador de histórias

No meu deitar, sempiterno amor. 



(c) Filipe M. | texto e fotografia (2016)

quarta-feira, 7 de dezembro de 2016

Exaustão

Por força do medo 

Me cansar, cansei 

Meu próprio medo. 



(c) Filipe M. | texto e fotografia (2016)

terça-feira, 6 de dezembro de 2016

Gr(ama)tical

Quantos tempos tem o meu verbo?

Um só; o gerúndio amar te amando.



(c) Filipe M. | texto e fotografia (2016)



segunda-feira, 5 de dezembro de 2016

It takes one

Ora podes ir 

Eu fico bem!

Já te sonhei.



(c) Filipe M. | texto e fotografia (2016)

It takes two

Escolhesses tu a 

Roupa com que 

Eu me despisse...



(c) Filipe M.| texto e fotografia (2016)

domingo, 4 de dezembro de 2016

Descaber

Por vezes, o adulto 

Não cabe a criança.



(c) Filipe M. | texto e fotografia (2016)

Da Invisibilidade

Dos dias que trago digo o que é uma 

Imagem: tudo aquilo que não abarca.



(c) Filipe M. | texto e fotografia (2016)

sexta-feira, 2 de dezembro de 2016

Sem Graça

Avé Maria sem Graça

Avé Maria, desgraça 

Humana a condição 

Quisesse teu nome 

Materno o regaço 

Natal agora e na 

Hora fim Amén!



(c) Filipe M. | texto e fotografia (2016)

quinta-feira, 1 de dezembro de 2016

O som da tua pele

Vasta planície tua pele nua 

Poiso d'alegria me levanto!



(c) Filipe M. | texto e fotografia (2016)

quarta-feira, 30 de novembro de 2016

O Sopro

De todas, a que se abrindo 

Já vem fechada. Daquelas

Todas a que sopra calada.

A que faz do perto o mais 

Longe dos lugares; beiral 

Do cais antemomento do 

Infindo mar. Palavra gelo

Advérbio 'Quase', é faca

Que esperançoso mata!



(c) Filipe M. | texto e fotografia (2016)

terça-feira, 29 de novembro de 2016

O Engano

Porque se vive como 

Se não morressemos

Eternidade arrogante 

Que mata quem vive 

Por conta dum nome 

Leque vaidade pavão 

O querer-se tamanho 

De Humanidade que, 

Dure o que durar, irá

Um dia acabar, justo

Sem sobrevivos p'ra

Grado nome se libar

Cujo vate ao engano 

Imorredoiro predisse.



(c) Filipe M. | texto e fotografia (2016)

sábado, 26 de novembro de 2016

A segunda manhã no mundo

Esta é a segunda manhã no mundo 

E estamos sós. Nós; depois de nós.

Dá-me esta tua mão e dá-me a tua 

Outra mão e as minhas dou às tuas.

Vem dançar connosco! Tu, eu e nós

Aqui neste lugar sem música, neste

Sítio de mais ninguém. Nem ontem, 

Nem amanhã. Não digas nada nem 

Eu nada direi. Põe o silêncio a tocar

Mãos de cabelos, segredo revelado

O teu corpo; o teu corpo desta vez.

Mãos de olhos, poema teu recitado

O meu corpo; meu corpo outra vez

Mãos trazendo-nos amor em mãos.



(c) Filipe M. | texto e fotografia (2016)

sexta-feira, 25 de novembro de 2016

Maria

Maria 

Menina

Meu

Mel 




(c) Duarte Nuno Vasconcellos | fotografia 





Apenas

Partir foi ontem

Chegarei nunca 

Continuarei a ir. 

Não por querer

Ou por teimosia

Que mais fazer?

Se só sei viver!



(c) Filipe M. | texto e fotografia (2016)

quinta-feira, 24 de novembro de 2016

Lastro

A leviandade sendo tão airosa 

Desfere as mais pesadas balas.



(c) Filipe M. | texto e fotografia (2016)

Inteiramente

Crê! Não és tu que anda depressa

Sou eu quem meu passo retarda

Para que, por inteiro, veja o teu:

Inteiramente seu o movimento.



(c) Filipe M. | texto e fotografia (2016)

quarta-feira, 23 de novembro de 2016

O Escultor

A forma dorme na pedra; assim um eu menino 

Em mim. A palavra desencanto tem por Canto

Seu íntimo dentro: um recanto, a voz segunda 

O dia novo, ode, onde onda a esperança. Não 

Porque se repita, mas porque se permite uma 

Primeira vez depois da primeira vez. Alevante

À condição do destino de feliz não ser jamais.



(c) Filipe M. | texto e fotografia (2016)

terça-feira, 22 de novembro de 2016

Singularidades

Exibia invulgarmente as fragilidades

Como se, por contrários, desafiasse 

Do mundo suas lógicas. Porque era

Com aceso pudor que ocultava uma

Força única que vulcânica trazia sob 

A placidez anémica o parecer; como

Se fosse deveras impróprio ostentar 

Tanta riqueza entre gente indigente.



(c) Filipe M. | texto e fotografia (2016)

segunda-feira, 21 de novembro de 2016

O Graal

Podem todas as sedes aqui, 

Pelo sortilégio do olhar que 

Recebe, beber de ti o amor.



(c) Filipe M. | texto e fotografia (2016)

quinta-feira, 17 de novembro de 2016

A pergunta perguntada

Porque demoras! Poucas horas o 

Dia tem e tu não vens. Porque te 

Espero? Eternidade cada minuto 

Porque dói a esperança um vaso 

Que morta a flor já sua terra tem.



(c) Filipe M. | texto e fotografia (2016)

terça-feira, 15 de novembro de 2016

segunda-feira, 14 de novembro de 2016

Sei nunca

Sei nunca da cidade onde 

Cheguei, onde me chego

Diariamente. Aconchego 

De quem partiu noutros

Lugares inteiras raizes

De sonho e se achega 

Na cama aberta inda

A da véspera já meu

Ontem se fizera por

Boas mãos nela me 

Deito e acordo para 

Dias novos d'alegria.



(c) Filipe M. | texto e fotografia (2016)

sábado, 12 de novembro de 2016

O lugar inacabado

É Outono e quando te 

Oiço chorar é-o ainda 

Mais; as folhas caídas 

Não são suas mãos a

Ti cingidas a dizer oh 

Meu amor eu voltei a 

Este lugar para te vir 

Buscar. Bem vejo no 

Teu olhar tal desejo. 

As minhas mãos as 

Suas o não são; sei 

Disso e tanto mais!

Mas, se imaginares 

Uma árvore d'amor 

Por ele desenhada 

Vê nelas os ramos 

Que te quis deixar 

Para te agarrares!



(c) Filipe M. | texto e fotografia (2016)

sexta-feira, 11 de novembro de 2016

Búzio

Ao fechar 

Os olhos 

Oiço-te 

Inteiro no

Meu peito.



(c) Filipe M. | texto e fotografia (2016)

quinta-feira, 10 de novembro de 2016

Míngua

Fui eu que do sonho 

Me perdi? Ou, inteiro,

Perante ele decresci?



(c) Filipe M. | texto e fotografia (2016)

terça-feira, 8 de novembro de 2016

Consolo

É tanta a fala

Que me assola

Haja no silêncio

O que se cala!



Filipe M. | texto e fotografia (2016)

segunda-feira, 7 de novembro de 2016

Fosse um retrato

Não sou de mim 

Nem serei daqui 

Além deste mar,

Nada mais quis!



(c) Filipe M. | texto e fotografia (2016)

domingo, 6 de novembro de 2016

Inevitabilidade

Inevitável; inevitavelmente dou por mim 

Lá. Algo no lugar da vontade. Conduzido

De olhos vendados e essa mesma oculta 

Mão deslaça: lá, o terreiro onde tanto eu,

Tantos sucessivos eus, inícios inacabados. 

Como se um remoinho, um motor dentro, 

Impedisse a água que poderia ter sido o

Meu próprio rio para que me acabasse. 

Que pena! Tantos fins sem começos.

Inda assim, traços, sopros do vento

Belo, passam e olho-me infindo...



(c) Filipe M. | texto e fotografia (2016)