sábado, 19 de setembro de 2015

Ensonhado

Ocaso/
A superfície que ocupo 
reclamo, avoco, invoco 
Amanhã há-de ser inda 
Mais; tudo mais que se
Possa mais ainda terei 
Em meu nome firmado.
Não me expando para
Nenhum lado Desígnio 
Que se esgota grande. 
Contudo menor que o 
Logro tido por ganho.

Irradiação/
Só peço uma nesga de
De terra onde firmar os 
Pés. Tenho o céu onde 
Me caber o olhar; inda 
Sobra. Chamo; duvido 
Pergunto; erro errando 
Menor que é o grande 
Do devir humano. Sou 
O que tropeço e trago 
Do chão desacerto de 
Quase nunca lograr o
Lugar. Desassossego 
Logo à primeira hora 
Depois o motor pára 
E há a linha de costa 
Ou um corpo deitado 
A meu lado dormindo
Essa paz que sempre 
Me foge que prossigo
Assombrado sonhado
Já galguei os silêncios. 
As palavras e as portas.
Tenho inda a mãe que 
Traz consigo meu pai
Que morreu embora 
Em verdade não mo
Diga por indizível ser. 
É essa condição: só. 
E se o soubéssemos 
Ser seríamos outros; 
Atempados Uns com
Os outros e tiravas a 
Roupa porque dizes 
Pesada arquitectura 
Com a qual fingimos
E trazias teu corpo à 
Minha boca ou janela 
Aberta de par em par 
Vislumbrando o para 
Lá de nós morrendo 
Devagar o lugar do 
Amor ou o último
Segredo que te
Vi no olhar: ela!

[Para ti, Olga mulher; minha mãe, mulher do meu pai, teu amor marido] 

(c) Filipe M. | texto e fotografia (2015)






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