segunda-feira, 17 de agosto de 2015

Diário (III)

Bastava-me a coragem de não amanhecer. A noite inteira recebida; deixar que me entrasse nos pulmões e me afogasse no colo da água. O mundo é o insulto no regresso. Coragem é enganada cobardia: a luz, a clara inutilidade de tudo. A taça do Graal é um banho d'oiro sobre metal vulgar. Palavras de circunstância; jactância e um lugar à mesa para conversar ninguém. Sorrir quando não quero. Odeio a força, soa a pena capital. Merda mais a força. Força é forca. Já agora que lei define o que é ser fraco? É ir embora? Deitar a língua de fora? Adoro os marginais; os trôpegos; os desvalidos; aos direccionados, aos focados, desejo uma bússola e uma lanterna e um par de estalos bem aplicado a ver se acordavam dos seus tiques e arrebiques de imortalidade virtual. Por mim ficava por aqui. Como quem diz: por mim já ia. À Festa chega-se um pouco depois e sai-se um pouco antes, é da praxe. E a música, a mesma e má, por demais ouvida! Já ia; à francesa: sem adeus, nem merdas, nem emoções post-it; ia e pronto! Porra tudo isto! Errata: corra tudo isto o mais depressa possível. Ufa!!! Por pouco não era politicamente correto. Ainda assim, redigo: merda! 

(c) Filipe M. | texto e fotografia (2015)

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