quarta-feira, 5 de agosto de 2015

diário (II)

O olhar atravessa a porta e vê dentro de si aquela por quem (des)espera. A eternidade dos escassos minutos. E uma vida no olhar inscrita. A história dum homem e duma mulher. Poderia falar da tristeza que vi; escolho falar do amor que senti. Aprendi que no escuro há traços da luz e, talvez por isso, nada haja de mais solar do que a sombra. Dei-lhe a mão e ficámos ali, calados, a falar olhares. Eu a namorá-lo e ele a namorar a porta. Esse homem é meu pai; essa mulher é minha mãe. A chave ressoa e à sua chegada tudo muda; finalmente bebe água quem tanta sede tinha. E o olhar revive. Os namorados devem namorar o amor; estaria a mais: saí. Feliz. Percebi o que é uma porta: nada!
2015/08/04.

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