terça-feira, 27 de outubro de 2015

À chegada

Cai uma lágrima doce de 
Água na face lisa e porosa.
A pele sempre foi a boca por 
Onde se bebe o corpo do corpo.
Havia um lago no debaixo de nós
Que a recebeu ou o sopro ou quase
Uma onda ou quase o bater da asa
Repercutindo como a trombeta do 
Arauto o anúncio da sua chegada 
A todos os pontos da cintura da 
Margem por igual ou um círculo 
Um anel magoado que se tira 
Relutante do dedo enoitado. 
E há um barqueiro que nos 
Anda de lado a lado pelo
Redondo de não irmos 
A nenhum lado senão 
O dentro de que se 
Faz nosso viajar
Ensimesmado. 

(c) Filipe M. | texto e fotografia (2015)


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