domingo, 14 de junho de 2015

Por ti

Possas tu
Parti (por ti)
Quisesses tu salvar-me [de mim]
Vem abaixo da pele e abre portas para que possa sair [de mim]
Acende a manhã porque se fez noite [em mim]
Vem buscar-me porque fiquei aqui 
Neste lugar de ontem.
Dá-me um céu para onde olhar e sair possam do mesmo chão estes pés feitos para outro caminhar
Dá-me a mão, como o farias a um cego, e dar-te-ei eu a minha e seus rios de amar
Dá-me o teu silêncio e serei (nas) palavras inauditas 
Diz-me como regressar-me e (para) quem sou. Reparo que vivo. Mas, sabes, é por fora que vivo. Quando regresso em noite e quando me deito há casa e cama mas não me sei, nem para onde;
Percorro a noite até a cansar, para que por fim me deixe dormir e volto a ti, como um evidência, como o lugar que fui. 
Naturalmente haverá uma manhã e serei amanhã sem amanhecer e imitarei o dia até ao fecho do seu arco. 
À saída da barra, donde a viagem, e os olhos longos e os cabelos, teus, na moldura do rosto, revoltos como as aves do séquito, vi-te, assim, inteiramente tu, e soube da alvorada e fui, ali, naquele preciso momento, feliz; como antes, como, talvez, depois.

(c) Filipe M. | texto e fotografia (2013/15)

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