sexta-feira, 8 de maio de 2015

Infame

Gostar de ti é uma infâmia que acarinho. Sandice! Sei-o; isto é: sei até certo ponto. Só não sei o que é o ponto. Dito doutro modo: não sei o para lá do ponto. Fiquei em ponto-morto; pesponto mal alinhavado dum novo fato em que me sobro ao pano; ponto-cruz e seu carrego; ponto-de-embraiagem porque é preciso mudanças, dizem-me, como quem diz andança ou prego a fundo como Cristo no madeiro erguido. Bem vista a coisa, porque, duma sorte ou doutra, é preciso reviver assim como quem diz morrer sem morrer de verdade para voltar a nascer. E se revivo dessa falsa partida (por pouco  a desqualificação!) ando morto-vivo, porque do estado sólido e do líquido vai o gasoso e dizer isto é falar de nuvens, feitas caminho e daí o andar nelas ou é falar da Lua que é também via pois do mesmo modo se diz aluado. É isso... o gostar às vezes é estrada, outras desgosto e despiste, contudo estrada na mesma porque o carro também anda de marcha-atrás. Mas que fazer!? A cabeça manda no corpo, quando pode, enquanto pode; mas não pode o corpo o contrário. Dizem que é para esquecer! Pedra-pomos, limas, berbequins, contraplacados, desterros. Enfim, arremedos. A coisa vai. Mas vai por si. Autónoma. É hóspede, paga quarto e contas; tem direitos adquiridos. Creio que é regime de co-habitação e de despejos gastei a conta e fundos de caixa, não da liquidez em falta, por abrir porque custa colocar vidas em taras perdidas. Gostar de ti não sei o que faz de mim!? Gostante? (existe!?) Degustável está visto que não. Destestavál!? Nem tanto, caramba! Viável!? São glaucos os meus olhos, e vêem sítios altos aonde não chego eu ao baixo, talvez seja quando baste. Talvez seja assim.

(c) Filipe M. | texto e fotografia 



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