segunda-feira, 31 de outubro de 2016

O canto mais alto

Soubesse cantaria o mais alto dos cantos

Que me guindasse quando baixo faz meu

Olhar alta a altura da luz e pensá-la assim

Distante quando, em verdade, sempre ali!


A banalidade um caminho difícil d'aceitar:

Bebedouro donde tão poucos bebem ser

De excepção; ninho o canto-chão donde

Partem comuns como os demais e, cedo

Maiorais, inumanas aves o são. Pudesse 

Eu cantar as alturas imensas dum canto

Total, o canto dos seres imortais. Mas e

Aqueloutros cujo canto se faz sem voz? 


A heroicidade de quem vive o comum!

Transparência que fere e crua derruba

Por quem nunca nada vê. Tivesse voz

O dizer meu canto quem do seu chão 

Inda assim, fez alto seu peso imenso!



(c) Filipe M. | texto e fotografia (2016)

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