sábado, 24 de dezembro de 2016

Dezembros natais

Teimo o Natal! A minha meninice convocan

A tua e a tua também. Magoa por quem já cá

Não está e por quem já não somos. Vi sorrir!

Vi namorados, enamorados enlaçados, ruas

Cheias e sorrisos misturados de idades cãs

E gente de palmo e meio pasmos das luzes 

Que me pasmam na meninice que convoca 

O meu lado triste e que a sorri na cidade e 

Vi sorrir e sorri e é Natal afinal há igrejas e

Cheiros quentes das castanhas assadas e

Há mãe e mano e gente e seu afã a sorrir 

Vejo e desejo intimamente que se beijem.

E que vale a pena o amor com quem quer

Seja. Ah meu pai, dá a tua mão à minha e 

Conto-te o Rossio a cidade à beira-Tejo e

O Chiado todo iluminado e gente de tanto 

Lado. É Natal e dói e há gente a sorrir por 

Amor seja donde for. Sou menino, o puto 

Sem pudor no espanto da luzes; bonitas! 

São bonitas meu pai. E da cozinha desse 

Passado vens tu e minha mãe em cheiros 

Bons do açúcar do amor nossa consoada. 

Faz mal mas pai há gente a sorrir! Vês, eu 

Também apesar de tudo. Ah sim a cidade 

Que me passa e repassa e onde te ponho

Flores de pensamento em pensamento e 

Me trazes maresia de amor e mesmo os 

Desamores de quem gosto sem rancor.

É Natal afinal. Há gente boa. Há gestos 

Inaugurais de inútil felicidade sem PIBs

Ratios, rendibilidade e vectores. Viver!

Esse atrevimento, essa aleivosia, doce

Maravilha. Sou menino e deito a língua 

De fora aos parvalhões que me gozam 

E gosto deles; somos gente transitória 

E não me importo e finjo quase tão mal 

Como eu também que digo gosto disto 

Do bulício dos putos encasacados que 

Suam felicidades de dezembros natais. 

Há namorados que namoram e desejo 

Ser um deles e roubar um beijo pronto 

A devolver. É Natal e repicam os sinos 

E há campanários citadinos e mãe eu 

E mano e amigos e Telma filha minha 

De meu irmão e gente que me sorri!!

É Natal, e mesmo quando eu morrer 

Haja quem que nestas ruas me veja.



(c) Filipe M. | texto e fotografia (2016)

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