domingo, 11 de dezembro de 2016

Um tempo

Um tempo imóvel. Parei e saí; encostei

A porta. Olhei breves instantes e segui

Para ali perto, nem tão-pouco intenção 

De ir mais-além. Uma pausa e estendo

Minha existência inquieta na cama mel 

Do silêncio sua esteira e sem estorvos

A espreguiçasse. Dou-lhe embalo mãe 

Prenúncio da acalmia sem sono e sons 

Chegassem remotos de longa distância. 

Só rumor meu pensamento, as turbinas, 

A maquinaria mental na pausa industrial

Do cigarro. O mar está todo fora de mim

Todo ele externo - líquida cintura uterina.

Peço água; a maré em reverso. A mim um 

Mar, em mim um mar. Meu deserto ondula

O ar, sem peixes, nem regressos. Um anel 

Casa o dia e retomo-me. Ali estou à minha 

Espera quieto e o mundo recomeça igual e

A sede é minha e não faz ruído logo imersa

Na alta partitura fabril do fazer dos dias seu

Devido uso. Entro; um derradeiro olhar. Sigo.



(c) Filipe M. | texto e fotografia (2016)

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