sexta-feira, 9 de dezembro de 2016

Isso

Não me peças a única coisa que não tenho: 

O ser feliz. Nunca o fui. O dizê-lo tão assim,

Parece que nunca a felicidade por ti passou

E tal não é vero! Vejo o sol e inda assim não 

O sou. E a boca tem beijos e os abraços os 

Teus braços e os olhos vêem cousas belas  

Se me disseres espectador direi: talvez! Se 

Me disseres o palco direi: sorriso para que 

Te desatente do meu olhar. Pede-me toda

A roupa do corpo ao ponto da nudez, mas 

Não me peças o que não tenho para te dar

O mar, um só pano líquido cobre o mundo 

E seus dedos os tantos rios, tem sobre ele

Barcos para lá de barcos e, tal como a ave

Que voa o céu e o não é, assim eles o mar 

Nunca serão. Assim, trago grato contento,

Embora não o que me pedes, na algibeira

Onde, por não caberem não minhas mãos

Mas os dias que desembolso à sorte mas 

Não o que me pedes e ainda que a dê ou 

Que me tenha poisado nasci com o olhar

Assestado ao fim que por se ir chegando

Se aquieta como outrora eu no teu corpo. 




(c) Filipe M. | texto e fotografia (2016)

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