domingo, 19 de julho de 2015

Varanda

Já havia peixes mortos 
Quando o mar nasceu
E um dia um deus por 
Lá passou e devolveu 
O que nunca ali viveu 
E para que se vissem
Plenos nesse mundo 
Novo das rochas fez 
Camas de areia e deu 
Corpo de homem aos 
Peixes para que pelos
Seus pés assomassem 
Ao dia e defronte ao 
Mar percebessem a 
Ventura de nadar aquela
Imensidão líquida de céu
Espelho glauco do outro 
Que a todos nós encima.
Dizem pescadores locais
Que às vezes, antes do 
Dia raiar, vêem na baínha 
Da areia que se coze ao 
Rente do mar sinais (traços) 
Como se pés doutro lugar
Que não sabem explicar. 
Mais acima, no topo mais 
Alto do mundo, há um 
Menino-deus que os fica
A olhar saudoso de ali 
Voltar para com eles 
nadar e brincar o mar. 

(c) Filipe M. | texto e fotografia (2015)


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