quarta-feira, 18 de março de 2015

Rumor

as águas beijando, persistentes, a margem: palavras repetidas numa toada morna, cantada em surdina; um rumor intervalado, um rumor contínuo, um rumor calmo, um rumor sem tempo, um rumor a tempo do amor...
A longa margem embalada, diluindo-se doce, como se por um pequeno sulco sangrada. E ínfimas partículas desse barro primordial (des)fazendo-se ao largo espaço do mar; tudo passando tranquilamente, num vazamento paulatino, outra coisa que não largamente consentido, dum lado para um outro e desse lado para um outro ainda, e assim sucessivamente, como um passo a seguir ao outro, cumprindo, tão-só, o devir do mundo... 
(2004)

(c) Filipe M. | texto & fotografia (Lisboa, 2014)



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