sexta-feira, 23 de setembro de 2016

Segredo

Este momento; este tão íntimo momento; tão curto

Tão longo aqui dentro momento. Um murmúrio um 

Véu sopro do céu tua mão como a quilha do barco 

Quase imóvel de movimento sentindo a corrente e

Sabe agora o segredo mais fundo, fecundo corpo

O dirá a um outro quando a hora chegar. O tempo 

Do silêncio, do vento, da canção cantada, embalo 

Maternal quando no fim tudo começa. Um timbre,

Repercute no ar límpido o som da nota da aurora 

E em seu voo há os meus dedos a desenharem o 

Teu lábio e uma segunda vez o teu outro lábio da 

Tua boca são notas, partitura do meu mundo teu. 

E cantas a nossa mais antiga canção. Inventando

Possibilidades, demos as mãos e começámos os

Corpos devagar; deixámo-los falar. Nessa espera 

Fizemos amor para o dar no momento das sedes 

Sim, virá o tempo até que por findo o tomaremos

Por tão longo, por tão curto, por tão isto e aquilo

E nesse instante, no ponto agudo, haverá a água 

Para a bebermos na torna-viagem de morrermos. 



(c) Filipe M. | texto e fotografia (2016)

Sem comentários:

Enviar um comentário