sexta-feira, 2 de setembro de 2016

Porque corro?

Por vezes tenho que voltar atrás para me 
Buscar. Distraio-me com facilidade e fico 
Muito à frente; este ir e vir cansa alguma 
Coisa. Não falo do físico que se recupera
Depressa; digo do que acontece adentro. 
Dizem que vou devagar e é tão depressa 
O que se desfaz o que temos por certo e
Ainda que regresse, não há conserto das
Coisas pregressas. É para acalmar a ideia 
De que enlouqueço Se existiu estranheza
É todo o sobrevivo e ainda que haja verde
Vejo árvores, campos, lugares calcinados
E se o que existiu inexiste não me assiste 
Este presente onde todas as coisas julgo 
Sombras. Porque corro? Futuro passado!



(c) Filipe M. | texto e fotografia (2016)

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