sábado, 3 de setembro de 2016

Devagar

Alguém que me guarde as lágrimas 
Respondi-te? É cedo, ainda. A noite
Persiste mas em manhã, o novo dia 
Virá. Olho-te ao meu lado o cabelo
Desalinhado contrasta na orla alva 
Da almofada. A respiração tão leve
Expande e retrai o teu corpo assim
Como um barco dormitando o mar
Gasto o olhar olhando-te. Devagar
Vagueiam minhas mãos teu sonho 
Acordado e sei que te amo. Traço
Longo cujo desenho guardado na
Moldura encima, ainda, meu sono
E, sem que percebas que de tudo 
Despojado abeiro-me e mergulho
As mil léguas submarinas; peixes
Nadam debaixo da tua pele. Vejo
Coisas belas teu sorrir aberto se
Ainda maior, teu olhar. Tudo isto 
Invento. Perguntaras por quem?
Por alguém que diga meu amor!



(c) Filipe M. | texto e fotografia (2016)

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