terça-feira, 5 de julho de 2016

Haver

Supus tudo isto e mais ainda 
E quando não dissemos nada 
Soube, dum saber ante e p'ra 
Além de mim, que irias morrer.
E fiquei a olhar-te antes e para 
Além de ti a perceber que tudo
Tem por antecipação um nascer 
E quando tropeçámos distraídos
Já cá não estás e os dias fingem
Que são aqueles dias antes deste
Casas de papelão a fazer de conta 
Que há em nós continuação. Fadas
Pão-de-ló Os aniversários mentiras 
Cristalizadas, frutos secos, amargos
Embalados, presentes dourados nas 
Árvores de dezembros natais Poema 
Onde cabemos na memória do nome: 
Pai nosso que estais tão longe de nós 
Vem buscar-nos Esta eternidade dura 
Há tempo demais; pão ázimo teu beijo
Nos dais hoje assim na Terra haja Céu. 


(c) Filipe M. | texto e imagem (2016)

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