sábado, 23 de julho de 2016

Começos

É um facto; foi de noite que te conheci. Aquele 
Café, o artifício da linguagem e o olhar que vê
Disfarçado o teu e procura retribuição. Depois 
Pausas, eternidades, pares de mãos nervosas
E a primeira palavra atontada da retoma ávida 
De normalidade falha de cumplicidade a gerar
O riso mútuo: um momento cheio, uma ponte,
Uma bóia a que se agarram os náufragos não 
Com volúpia, apenas o antemomento pueril, o 
Aceitar dum doce inesperado. Na amarragem
Traz-se o barco ao cais acima da inconstância 
Das águas e nós, superfície lisa, acima do que 
Cada um especula ou já desfaz. Um facto: era 
Verão; era uma noite de verão. Fora essa noite
Por anos; foi uma noite de verão por anos, um
Tipo novo de felicidade o ser feliz assim: feliz!
Chegado a casa vieras comigo sem o saberes
Sorria. Mais tarde subiste. Os frutos da árvore 
Trouxeram a estação nova. O beijo caiu sobre 
A pele. Não imagino mais bela ceara tua noite.
Diz quem o ignora que é de manhã o começo!



(c) Filipe M. | texto e fotografia (2016)

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