segunda-feira, 25 de julho de 2016

A fronteira ténue

Naquele sítio onde havia gente soube hoje
Da minha morte! Só foi inesperada porque
De há muito por mim esperada. Boa gente 
Mo disse Cedo dei inicio àqueles preparos. 
Nunca sucedera sofrê-la tão pronunciada, 
Tão afirmativa. A força da coisa impôs-se, 
Dissipando qualquer lirismo ou deslocado 
Sentimentalismo Formalidades mundanas 
Tomam a primazia. O além tem alfândega.
Exéquias sóbrias, necessárias ao consolo
De quem fica em nome de quem parte. À 
Parte uma ou outra lágrima foi escorreito 
E contido o magro cerimonial conforme à 
Sua vontade e amigos de sempre põem o 
Contra-campo do anedotário logo em dia.
Sabes que não há repentes nestes casos; 
Há insinuações, murmúrios preparatórios, 
Que se lidos a tempo maduram a estação, 
Amortecem a queda com sorte talvez até, 
Travada por mão amiga. Mas o descaso é 
Cegueira atontada; o pensamento mágico 
Os seus resquícios trazemos à infância do 
mundo. Nessa ilusão nem damos conta de 
Que se altera a condição Estar morto pode 
Ser de ténue percepção estranha-se muito 
Pouco o novo estado nada mais do que isso. 
Quem era depois? O que nasceu? Questões 
Do além; irrelevâncias quando já não há voz! 



(c) Filipe M. | texto e fotografia (2016)

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