segunda-feira, 11 de julho de 2016

Um dia

Meu pai faz sol, meu pai faz saudade 
Meu pai já tenho idade, meu pai amo
Meu pai um rio, meu pai tua a cidade 
Meu pai tua mulher teus filhos somos 
Meu pai teu pai tua mãe teus irmãos 
Meu pai os dias são flores tuas mãos
Meu menino pai zelo teu sono eterno
Meu pai mata-se tanta gente e nasce
A cada bala néscia um bebé risonho! 
Meu pai um dia, assim possas, vinde 
À mesa alta dos alimentos sagrados 
Sentai-vos à cabeceira e falemos da
Faina fresca em cabazes de lota que
Somos juntos apregoados os nomes 
Que trazemos dias fartos ou magros 
Cabem todos no que por cá fazemos
Meu pai por onde andais? Esta ficção 
De parecer que te inventámos ou que
Nos inventámos a nós por medo quiçá
De te esquecermos. Pai, dorme agora! 



(c) Filipe M. | texto e fotografia (2016)

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