quinta-feira, 29 de janeiro de 2015

Um topos de amor: Madeira.

Há vinte anos conheci a Madeira. Tinha 25 anos e estava apaixonado! Memória impressiva: a do cheiro quando se abriu a porta do avião. O cheiro a terra; a terra quente; a terra envolvente. Perdura, intacta. Senti que chegara a 'casa'. Ainda hoje não sei explicar este sentimento (nem preciso, nem pretendo fazê-lo); não decresceu. Cresce. 
Perdi, felizmente, a conta de quantas vezes lhe regressei. Mas sem habituação, antes um sempiterno deslumbramento e agradecimento íntimo. 
É um sobressalto ver o largo anfiteatro do Funchal uns minutos volvidos após a saída do aeroporto de Santa Cruz. Cidade sobre o mar, cidade recostada nas serras. Mar e serra em par. 
Fiz amigos e ganhei 'famílias'. Sou feliz lá. Reencontro-me, oiço-me; perdoo-me. A Madeira já me conhece; eu conheço-a mal. Vou conhecendo-a devagar como mandam as coisas de (a)mar. Quando morrer quero ficar nesse (neste) mar que, naturalmente, se fez o meu (re)começo; faz sentido que se faça fim ou, melhor, eternidade. 
Todos temos um sítio 'secreto' onde nos imaginamos estar; quando estou naquela varanda do mundo e todo aquele (a)mar defronte não preciso de mais nada: estou completo. Feliz. Uma felicidade Maior: (a)Deus, que sinto Presente. 
Passaram vinte anos sou outro; descobri silêncios e o entendimento fundo do que é a tristeza e, precisamente por isso, descobri uma forma outra de ser feliz. Menos exuberante, menos exterior. Talvez. Mas abriram-se caminhos gratos que me couberam no a par-e-passo do muito que lá (cá) caminho. 
Aquele (este) mar é tão da ordem do Belo que acredito, em parte, se fez ilha para que o pudéssemos ver altaneiros. Há vaidades justificadas e, convenhamos, desculpáveis. É lá que estou neste momento; nesse diptíco mar-terra e terra-mar... 
Hoje (de há muito, aliás), é, sobretudo, um lugar de pessoas. De quem gosto. Muito. O meu topos de Amor. 
Obrigado a todos vós. :)
Filipe M. 

(c) Filipe M. | fotografia: Mar da Madeira, 2014. 



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