quarta-feira, 9 de dezembro de 2015

Diário de bordo

Ontem e hoje foram dias felizes. Chegar a casa e ter-te lá. Falámos, olhámo-nos no silêncio duma saudade ora rida, ora chorada. Partilhámos o mesmo homem e o que somos para além dele, com ele e por ele: o companheiro e o pai. Falámos doutro amor partilhado: um filho, esse mesmo que me é irmão. Fomos serenos e as mãos casaram no agasalho dum Dezembro novo em que procuramos sentidos novos para as coisas dos dezembros antigos. Fui filho e, por vezes, menino. Hoje és a menina que há muito não eras e por isso dissemos as ruas noutro passo. O que se ampara na noção da fragilidade mágica de cada gesto, de cada palavra, de cada memória acarinhada onde se sacia, como se pode, uma memória que nos futura num tempo já breve. É bom fazeres-me casa como dantes fazias bolos. A doçura tem os mais diversos açúcares para a temperança que traz a ternura. À noite servi-te um chá quente de amor e nos teus olhos bebi toda a minha sede de ser, seja o que for.


(c) Filipe M. | texto e fotografia (2015)

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