segunda-feira, 9 de novembro de 2015

O arco

Cada palavra emerge pura e alta do magma do indizível silêncio, da indivisível matéria erguido.
Porta-contentores atravessam os mares imateriais com seus pesados materiais gramaticais trazendo-os à altura dos olhos de verdes vagas iniciais. 
Dois lábios não são forçosamente uma boca ou dizer a flor toda em pensamento é uma metade. 
O que não tem dentro falha por fora: espelho que se espelha porque ninguém mora.
Quando a nave aporta vinda de lugares há o beijo inteiro da flor e sentamo-nos dois no paredão onde os rostos (os que se permitem sonhar), espreitam reflectidos na água que batiza os pés e abrimos, deslaçando, as ondas natalícias e por nossas próprias mãos as palavras dão-se ao silêncio vindas. 
Estamos ali, inteiros, investidos e capacitados.
Arqueio o corpo e recebo o teu. 

(c) Filipe M. | texto e fotografia (2015)

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