domingo, 22 de novembro de 2015

DB: 21 Nov.

Aconteceram tantas coisas; circunstâncias a que pude dar nome. É estranho, mas real, o quanto reconforta nomeá-las. Entendo agora a solidez dum substantivo. Só agora! Tantos 'só agora' nestes tempos recentes. E aqui estou à mesa, neste 'estar à mesa' que me abraça, a desembrulhar o sábado onde café, chá e mel servem seus leves aromas inaugurais e deixo o sono pairar na sua cadência morna e frutada na passagem ritual para o dia levantado. 

Tantas coisas 'desacontecidas' (há mais verdade assim). Gente que se ausentou; e são eles, os seus nomes, que se sentam aqui comigo nesta primeira ceia. O nome do pai que tive, o nome do amor que tive - é estranho isto de ter e deixar de ter - pairam generosos, na transcendência da matéria. Talvez seja isto a memória: aroma. Há este doce silêncio azulado, que mantenho zelosamente, como se os prolongasse talvez um pouco mais ou serem a água 
fresca que pelas mãos lava o meu rosto de acordar. Talvez!


(c) Filipe M. | texto e fotografia (2015)

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