segunda-feira, 9 de fevereiro de 2015

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De quantos fios se faz um fim-condutor? 
Entre um princípio e um fim ocorre-me uma ponte: duas margens dizendo o rio. 
Quantos fins comporta um fim? Ocorre-me uma árvore, e seu tronco, e seus ramos e destes outros ainda e outros mais ainda saindo de outros até à bainha do céu. 
Não creio que os haja: fins e seus começos.
Dizemo-los porque as palavras pedem as coisas que as criam para que sejam dizíveis. 
Da mesma sorte as cartas pedem para ser escritas para que sejam lidas, relidas e esquecidas. 
Assim a tristeza: em tonalidades; tantas quantas as inclinações da luz. E somos isso: relógios de sol cujas sombras se expandem e retraem na sua órbita. 
Quantos começos confinam um fim? Ocorre-me um bater de asas, do ir ao vir: lonjura e regresso. 
Fio-de-terra: para que entre a terra e o céu possamos Ser. 
E na península do mais extremo dos ramos um botão no anúncio da flor.

(c) Filipe M. | texto e fotografia (2015).

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