domingo, 2 de abril de 2017

[Pesponto]

Há esconsos e desvios onde a luz cria efeitos.

Baloiço e canteiros de cor. Um lado fabril dum 

Tempo atrás por décadas e madeiras e bules e 

Animais domésticos. E de metal os passadiços 

Uma colmeia. Tudo parece suspenso no tempo 

Que há-de vir: futurando passados costurando 

Fato a vestir nos dias ímpares; radioso augúrio 

O Sol macio a dizer quente a pele do amor que 

Se aumenta no depois dos corpos o dizerem o 

Estarmos ali naquele estupor tempo impreciso 

Diluídos numa quimera. Um sonho de que não 

Sei sair o sonho a que não sei voltar. A manhã 

Improvável ou a ainda mais improvável noite E 

A véspera ou a ressaca de algo maior. Tempo

Indeciso ando perdido dele passo encontrado 

Um corredor aberto apenas e já tanta a ilusão 

Do caminho certo sempre em frente, a direito

Não tem nada que enganar! É certo o relógio;

É sempre uma hora qualquer, qualquer que a

Seja em nós. Desoras: atrasado e antecipado

Uma biga em desgoverno na cabeça não nos 

Pés ponteiros avessos ao pensar sempre em 

Frente, não tem nada que enganar! É manhã

Sóis pondo ouros aqui e ali ou toalhas de luz 

Que o olhar acerta aqui e ali. Engaste do ser 

Feliz, preciosa gema este sentir novo de me 

Ser leve, o andar distraído de puro descuido

De quem não se leva a sério é que tem mais 

Jeito encontrar do que se andar procurando 

O que não é de achar: um rosário tem várias 

Estações sem apeadeiro: por certo a do fim! 

Há ruas de empedrado escorregadio e deixo

Que me leve onde me queira levar inteiro dia 

É porção de Eternidade que se faça em mim 

Todo essa infinita parte. Há a cidade lenta a 

Acordar-se domingo e sou verdade em mim

Donde vim, empreiteiro da estrada sem fim!

 


(c) Filipe M. | texto e fotografia (2017)

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