sábado, 16 de janeiro de 2016

Porta

A porta sendo uma porta 
Importa tanta coisas mais 
A porta é um abre e fecha. 
Uns entram, outros saem, ela 
Assim fica, conforme a deixam. 
Aberta tudo permite em devassa; 
Se fechada impede quanto impele.
A porta não é espaço, é vírgula que 
Divide o espaço. A porta suporta seu 
Bater com calada dignidade. E ela que 
Tudo houve (ah se falasse!) é da humana 
Surdez tão injusta metáfora. É, se servida 
Em dose meia, conversa de amigos ou de 
Escárnio com tão mal-dizer; já meia-porta 
É meia medida do que se esconde e destapa.
Se ficar à porta é signo que dá dó de desgraça, 
Já o ficar-lhe atrás faz de quem assim o faz vil
Intriguista e só aquele que nas sortes do amor 
Tão cruel revés sofreu. Porta que tudo suporta, 
Comporta-se com denodado porte vertical e é
De porta em porta que se faz o nosso mendigar 
E de quem as abre gestos largos de bondade 
Entrada maior se é do árduo caminho do Alto 
A ditosa fala porque às Portas do Céu vamos 
Todos um dia bater se a boaventura nos levar!



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