domingo, 31 de janeiro de 2016

Nu Parque

Há nele um menino. Do corpo-homem ao
Corpo-menino há espaços preenchidos a
Medo. Ai medo mimo, tão pequenino que 
Não sabe sair ao caminho. Há naufrágios
Nos seus olhos dum castanho assustado, 
Ondas várias de mar cruel de nados rasos. 
O menino baloiça no baloiço entre este tão 
Pouco hoje e aqueloutros lugares d'infância 
Donde traz igual jeito avoengo de olhar feliz.
Ah! memória agridoce que quase o faz sorrir 
Chorar, assim o fizesse agora, hora d'acordar 
O quarto onde se demora a levantar: houvera 
De haver um lugar de se ser feliz doutro jeito, 
Não este recreio que faz dói-dói e tarda o óó 
Porque ainda dói depois do tempo do tempo
Estar tão perdido do próprio menino o adulto.
Tão pequenino que o olha de olhos baixos do 
Mesmo modo que faz toda a gente quando é
Incapaz de sentir ser capaz de viver feliz inda 
Aquela vez mais. Ele não, não hoje nem ontem 
Mas o menino petiz, engenheiro de tanta vida 
Recomeça a empreitada inda agora iniciada e 
Já reergue o rapaz ainda não homem-capaz
A vontade do dia. Olha o menino, todo ele é 
Vitral de sono enganado, e toma-o em seus 
Braços e sobre a janela de luz da cortina do 
Dia já aberto deita-o para que durma o seu 
Lugar. De porta aberta, de ouvido atento, o 
Sono é ainda de há pouco, toma um banho 
De águas novas para que de novo o novo!
Sai pé ante pé e vai até àquele Parque da
Cidade. Leva o tabaco na algibeira e tem 
Encontro há muito adiado consigo adulto.



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