sábado, 18 de fevereiro de 2017

[Metades]

Fui e vim para me retrazer;

Fi-lo sem (inútil) o entender.

Estou aqui assim: ontem sim!

Estão lá nomes que dizem de 

Mim, o que andei a (des)fazer 

Quão grande de imenso viver 

E no entanto no tamanho dum 

Bolso coloco as mesmas mãos 

Que fizeram amor ou essas tuas 

Que me deram colo. Um instante 

O presente e pretéritos na frente. 

As janelas, que dão vistas, abrem 

Para trás; as portas que saem por

Onde um dia entrámos são chaves 

Que não abrem mais. Pensamento: 

Invenção; a memória, doce mentira.

A verdade onde não chegamos mas

Não faz mal: o mar que mata é o mar

Que faz sonhar! Sim, sei o teu nome e 

Todos os dias, ao dizê-lo ecoas o meu. 

Um nome, a mais bela invenção de Ser. 

E digo-o. Não porque existas ainda ou 

Já não mais, mas porque a enunciação 

Traz um corpo capaz de convocar o dia. 

O amanhecer e entardecer. Tão simples 

E leva uma meia vida a aprender e outra 

Meia a esquecer e diz tudo do nascer e 

Do morrer e por isso te beijo meu amor. 



(c) Filipe M. | texto e fotografia (2017)

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