É tão alto visto cá de baixo e
Se me imaginar no cume ver
O mundo é um rodapé onde
Só cabe meu pé. Grande ou
Pequeno, alto ou baixo, sou
Um ponto de vista que olha
A partir de si o entra e o sai
O eu Ser é gerúndio Sendo.
Nem Fui, nem Sou ou Serei.
É tão alto visto cá de baixo e
Se me imaginar no cume ver
O mundo é um rodapé onde
Só cabe meu pé. Grande ou
Pequeno, alto ou baixo, sou
Um ponto de vista que olha
A partir de si o entra e o sai
O eu Ser é gerúndio Sendo.
Nem Fui, nem Sou ou Serei.
Fi-lo sem (inútil) o entender.
Estou aqui assim: ontem sim!
Estão lá nomes que dizem de
Mim, o que andei a (des)fazer
Quão grande de imenso viver
E no entanto no tamanho dum
Bolso coloco as mesmas mãos
Que fizeram amor ou essas tuas
Que me deram colo. Um instante
O presente e pretéritos na frente.
As janelas, que dão vistas, abrem
Para trás; as portas que saem por
Onde um dia entrámos são chaves
Que não abrem mais. Pensamento:
Invenção; a memória, doce mentira.
A verdade onde não chegamos mas
Não faz mal: o mar que mata é o mar
Que faz sonhar! Sim, sei o teu nome e
Todos os dias, ao dizê-lo ecoas o meu.
Um nome, a mais bela invenção de Ser.
E digo-o. Não porque existas ainda ou
Já não mais, mas porque a enunciação
Traz um corpo capaz de convocar o dia.
O amanhecer e entardecer. Tão simples
E leva uma meia vida a aprender e outra
Meia a esquecer e diz tudo do nascer e
Há no ar o pó de caminhos, o turvo da
Chuva, o difuso da irradiação solar, do
Manto breu, pano estelar da noite céu.
Os cascos onomotopeia soa o tambor,
Ressoam ferindo o ar, arauto do medo
A chegar; lado nenhum há onde não vá
Erguendo maior que o ar, uma vela que
Navega meu ser antes que o possa ser.
Centauro, vê no claro rio água de beber
Cuja fonte nasce da dor no flanco, tuas
Mãos, flor audaz, afagam o meu estado
O de todas as incertezas, de hesitações
Cavas que travam, que retardam e dizes
Ser o contrário: passos atrás no balanço
De quem se agiganta, não dum tamanho
Que nos aumente mas o preciso ver-nos
Como somos e das tuas mãos a água da
Sede, benfazeja tua humana malga meu
Bebedouro; cavalo alado este o homem
Que que do medo sua cicatriz desenha
O rio da travessia: água cursa novo dia!
Rios desvios alturas e ventos dos
Céus tectos de ilimitados sonhos
Galgam as pedras das lágrimas e
Desatinos, desvarios e aventuras
Num tempo novo
Este velho gostar
Cujo dentro afora
Tua voz d'outrora
Presente o modo
Indicativo de que
Fui no passado o
Que agora futuro
E se o tempo não
Tem tempo, já eu
Me faço outro no
Ser por igual jeito
Outra a condição
Diferente no que
Se te assemelha
Porque de antigo
E moderno todos
Por ter que haver
Das tuas virtudes
Assim ambos giz
Quadros mútuos
Nu cru d'ardósia
Corpos escritos.
Nada há de mais radioso que o amor.
Curvo e recurvo, como um voo que se
Nos poisa livre, um sopro ao ouvido de
Palavras e silêncios pares. No caminho,
O mais longo, o abraço largo que se nos
Ajusta apertado, afago de lã, agasalho do
Tear das mãos de nós todos juntos menos
Sós na condição solitária de o sermos. Uma
Cancela aberta esse teu beijo dado que com
Alegria recebo e devolvo a ti por mim dado. O
Sol por onde subo ao renque do teu olhar e diz
O amar inacabado, vindo e ido de nenhum lado!