quarta-feira, 21 de junho de 2017

[Porto Santo]

Meu amor: digo uma janela que se inventa 
Abrindo para vista alguma e, ainda assim, a 
Imagino bela por diante até onde não chego
Tentei o olhar e o corpo debruçado no braço 
Até à península da mão para lá dela imensidão
D'abismo. Meu amor: a cama aberta adormece
Da espera que não vem e com os dedos selo o 
Envelope dos lençóis brancos; fossem lábios e 
Eram frios, um glaciar que arrefece o corpo de 
Vazio sentado, espantalho cansado de volteios
Dos pássaros que nunca viu. Meu amor: é tarde 
O sentir, cedo no desmentido das horas e digo, 
Agora como no outrora de inda há pouco ou de 
Anos não sei bem tudo é impreciso que preciso
Talvez que o eco logre outra voz dupla, fingida 
De ti pouco importa! O vento contrário desenha 
O teu cabelo. Oh meu amor o teu cabelo, crina 
De mar, o último barco do meu peito a zarpar. 



(c) Filipe M. | texto e fotografia (2017)

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