O sol pede o fora, a chuva o dentro.
O dentro-fora dum alpendre, duma
Janela cuja vidraça reflecte este lar
Ou esse. Afetos, como as primeiras
Mantas, um abraço que vem detrás
O assobio da chaleira ao lume, chá
Quente em bules de avós falecidas
O piano das gotículas nas vidraças
Ó paz uterina da água do céu regai
Os chãos a terra a rua os telhados;
A nós sequiosos porque o sol abre
Campos planos rente dor saudade.
A chuva canta o silêncio como voz
Mater vinda de fora e nos convoca
E nos demora na cama o amor que
Nos ficou ou que partindo ficou ou
Que ainda não chegou como a flor
Se parece ao copo d'água do beijo
Assim a chuva baptismal é altar do
Mundo breve. A chuva o teu rosto;
No teu rosto molhado, roupa chão
Seu despojo, há corpo que é meu
No ínfimo momento do abraço em
Que te fecho e sinto aceso desejo.
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