Um homem senta-se naquela mesa
defronte a mim. Tem gestos antigos,
De ontens vastos. O rosto emaciado
É prenúncio do frio que se antecipa
No agasalhado do cigarro pendente
Na mão, mais do que fumado. Nele
O aprumo dos muitos invernos, em
Cujo olhar há as idades dos filhos
E dos netos. Ali estou, o ler fingido,
A ver a voluta do fumo singrando o
ar, como assim o génio da lâmpada
Mágica saído. No largo quase vazio
Pontuam passantes esporádicos; a
Cada um presta aguda atenção que
Logo desfaz. No seu estar quieto há
Uma inquietação dentro. Aquele seu
Abandono do mundo comporta um
Segredo profundo que o desmente!
Qual será o motivo? E na demanda
Da resposta faço cadeira. E o jogo
Prossegue. Largos minutos depois
Ela aparece vinda de muitos lugares
Os lábios daquele velho homem até
Então mudos de tão calados dizem:
Demoraste tanto! Eram namorados.
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