O menino subia pelo livro a rua que
lia. O rapaz desce no livro a rua que
trazia. A avenida escreve o homem
Que se fazia. O homem Velho, novo
Na altura, dá mundo ao menino que escrevia, em garatujas, as primeiras letras que sabia. O rapaz escreve o
Seu nome e aprende o galope dos nomes que traz de pai e mãe, mas
Não sabe ainda que estes são obra
Vasta que legam para que ler possa
Sua cidade. A de Deus e do homens.
Ary canta com a voz emprestada do poeta um outro homem na cidade e
A idade faz-nos caber num verso do
Poema nunca escrito nem acabado.
Os dois homens caminham a par no
Lado ímpar da página das suas vidas
Percorridas. E cavaqueiam do medo
De se perder quem se ama. Escreve
Quem dorme só ou não dorme ainda
Que só. Quem tem livros de vida não
Está nunca acompanhado é do fado
O nascer e morrer daí o vivemos um
De cada vez o mesmo dia repetido e
lado a lado na ilusão de que se vive
Acompanhado. O velho homem era
Sempre novo no homem, no rapaz,
No menino. Tantos os lugares a que
Por por tua mão acontecidos e ora
Chega o tempo de escrever a prosa
Em tintas de azuis celeste para que
Me Possas ler porque bem vês és tu
O meu leitor, é para ti que escrevo a
Sobra que sempre senti neste nosso
Mundo que não aprendo. Ser-te-ei o
Peixe que nadará o teu (a)mar.
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