E és chegado aqui, ao amplo
Espaço: de mim e das tantas
Ausências. Podes entrar por
Essa porta que fiz para que
Entrasses. Sairás no tempo
Que julgares certo. Intervalo
É isto: a sala só de ninguém.
O instante (de minutos horas
Dias meses anos) que dizes
Que contas deitar à vida ou
Contas do ábaco das mãos
Um punhado de dias assim
Outros assado e momentos
Resumos dos diários que te
Escrevo para que esqueças
De mim, ser desencontrado.
Faço o tempo envelhecendo,
Olho os retratos tão quietos
São fitas de cinema com as
Vozes originais silenciadas,
Dobradas com as vozes do
Tempo em que me falavam.
Minto se disser que já não
Espero; mas não sei o quê,
Nem por quem. Sou a praia
Não tenho como negar mar
Mas sabes parece que toda
Aquela imensa água ficou lá
No fundo inatingível de mim
Onde a sede que tenho está
Apenas um passo atrás, um
Passo desesperançado de ti.
Podes sair; fiz esta porta
Para que pudesses sair!
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