Não me peças a única coisa que não tenho:
O ser feliz. Nunca o fui. O dizê-lo tão assim,
Parece que nunca a felicidade por ti passou
E tal não é vero! Vejo o sol e inda assim não
O sou. E a boca tem beijos e os abraços os
Teus braços e os olhos vêem cousas belas
Se me disseres espectador direi: talvez! Se
Me disseres o palco direi: sorriso para que
Te desatente do meu olhar. Pede-me toda
A roupa do corpo ao ponto da nudez, mas
Não me peças o que não tenho para te dar
O mar, um só pano líquido cobre o mundo
E seus dedos os tantos rios, tem sobre ele
Barcos para lá de barcos e, tal como a ave
Que voa o céu e o não é, assim eles o mar
Nunca serão. Assim, trago grato contento,
Embora não o que me pedes, na algibeira
Onde, por não caberem não minhas mãos
Mas os dias que desembolso à sorte mas
Não o que me pedes e ainda que a dê ou
Que me tenha poisado nasci com o olhar
Assestado ao fim que por se ir chegando
Se aquieta como outrora eu no teu corpo.
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