Teimo o Natal! A minha meninice convocan
A tua e a tua também. Magoa por quem já cá
Não está e por quem já não somos. Vi sorrir!
Vi namorados, enamorados enlaçados, ruas
Cheias e sorrisos misturados de idades cãs
E gente de palmo e meio pasmos das luzes
Que me pasmam na meninice que convoca
O meu lado triste e que a sorri na cidade e
Vi sorrir e sorri e é Natal afinal há igrejas e
Cheiros quentes das castanhas assadas e
Há mãe e mano e gente e seu afã a sorrir
Vejo e desejo intimamente que se beijem.
E que vale a pena o amor com quem quer
Seja. Ah meu pai, dá a tua mão à minha e
Conto-te o Rossio a cidade à beira-Tejo e
O Chiado todo iluminado e gente de tanto
Lado. É Natal e dói e há gente a sorrir por
Amor seja donde for. Sou menino, o puto
Sem pudor no espanto da luzes; bonitas!
São bonitas meu pai. E da cozinha desse
Passado vens tu e minha mãe em cheiros
Bons do açúcar do amor nossa consoada.
Faz mal mas pai há gente a sorrir! Vês, eu
Também apesar de tudo. Ah sim a cidade
Que me passa e repassa e onde te ponho
Flores de pensamento em pensamento e
Me trazes maresia de amor e mesmo os
Desamores de quem gosto sem rancor.
É Natal afinal. Há gente boa. Há gestos
Inaugurais de inútil felicidade sem PIBs
Ratios, rendibilidade e vectores. Viver!
Esse atrevimento, essa aleivosia, doce
Maravilha. Sou menino e deito a língua
De fora aos parvalhões que me gozam
E gosto deles; somos gente transitória
E não me importo e finjo quase tão mal
Como eu também que digo gosto disto
Do bulício dos putos encasacados que
Suam felicidades de dezembros natais.
Há namorados que namoram e desejo
Ser um deles e roubar um beijo pronto
A devolver. É Natal e repicam os sinos
E há campanários citadinos e mãe eu
E mano e amigos e Telma filha minha
De meu irmão e gente que me sorri!!
É Natal, e mesmo quando eu morrer
Haja quem que nestas ruas me veja.
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