Pomos sempre o homem adiante.
É o suposto; o irmos atrás, fechar
O que se abre. A criança antecipa
Quem será (estranha lógica o ser)
O homem rememora, adulterando,
A meninice. E o corpo desses dias
É exactamente o quê? O permeio?
São os pés. Sim; a sustentação do
Corpo. Quando morreu, quando ele
Morreu e tem morrido desde então
Combinámos uma troca: que fosse
Ele para trás e ele já eu para diante
Onde à proa o vento corta e magoa.
Muda tudo. Emudece tudo, um som
Cavo que nos acompanha sentinela
Que vela e sobre o qual um artifício
De sermos (in)capazes das palavras
Charrua porque a não ser assim não
Há estação possível para frutificar a
Quem é suposto colocarmos o fruto
À boca. Mas essa nova fome carece
De alimento por inventar e morrer é
Água que não se escolhe beber. Ele
Ali sentado, adiante. E o meu banco
Em lento movimento marítimo e dele
A mão formando a continência e seu
Vaso de mar no rente olhar a passar.
Passou e vai passando e repassando
E as cordas desamarradas onde me
Agarro quando te sinto perder. Cais
Caos de não voltares e há tanto mar
Sem água de beber, o tempo há-de
Chegar, onde me sento a desenhar
O teu rosto em movimento a dizer
Tudo e nada do teu jeito de amar.
Pomos sempre a criança adiante.
É assim que tem que ser e será!
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