(I)
A bala na linha de saída:
palavra assestada ao
alvo; projéctil mortal,
ponto fatal.
Bang, bang!
Corpo ao solo...
(II)
Saber-me, talvez por instinto,
acometido duma morte exangue;
sem autor material.
Toda ela escorrendo por dentro,
desaguando na periferia doutro
lugar onde a escuridão só.
O cérebro, com inteireza de
sentidos, rememorando
vagarosamente o momento
imediatamente antecedente:
aquela boca (estou certo disso:
a tua boca) numa tensão calada,
a represar o que haveria de sair!
Um sorriso; melhor, um esgar de
cão na intenção do bote. O olhar,
toldado, na predição exacta do
inevitável e daquela boca
[garganta; língua; lábios; saliva]
surgir como uma bala cuspida
a palavra há muito esperada:
acabou. Finito. O coração
perfurado de lado a lado.
Merda!
(III)
Sem corpo, desapossado de mim
e de ti e, sequer, por sorte, um par
de óculos escuros: vestem ─ quem
vê e é visto! O mundo como nunca
o vira , porventura demasiado real:
outrora… outrora… outrora…
O pano desce num aprumo vertical:
FIM.
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