Naquele instante preciso, algo triste.
Um gesto quase toca a corrente d'ar
O prumo da luz vitral amorna a tarde
Superfície da pele do corpo imaterial.
Ao redor o vozear contido e regentes
As mãos do fraseado dos lábios cujo
Movimento acompanho vago. O café
Desprende volutas de vapor, biombo
De momentânea distração passando
Por aqui e ali. Como alguém a fechar
Uma janela ao frio do inverno e volta
Ao dentro da casa e afazeres diários
Um aquário com vista ao céu e voos
De pássaros de mar em terra à vista
Horas de langor de curta eternidade
Tudo parece quieto, insolente gesto
Mínimo que seja como um amante a
Adiar o deslaçar dos corpos em par.
Não tanto pelo facto de estar tão só
Nem por dó de si. O afago lúcido do
Por fim ou do ainda não (ou o talvez
Jamais) coloca-te perante ti mesmo
E a especulação tentadora de quem
És e foste ou o que para ti reservam
Os dias vindouros. Feliz é o instante
Momento inteiro o círculo que fecha
Logo o que começa, além disto tudo
São grilhetas. Descentro-me resisto
À tentação do Eu. Recomeço em dia
P'lo que me dás a ver retomo alegria.
(c) Filipe M. | texto e fotografia (2017)
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