A lombada dos livros o piano das tuas mãos;
Ressoa o silêncio: partitura doutras melodias
A pedra atirada ao rio já não arredonda como
Ainda há pouco (ainda é dia oito e um relógio
Tic-tac-tic-tac) a água-rio dança em círculos
Crescentes. A água reganhou a superfície lisa
E a pedra acamou no leito. É curioso meu pai:
A mesma pedra no mesmo rio e há medo de
Que a paz que nos dizes não a entenda eu.
Ainda é dia oito e há relógios: o meu o teu o
Relógio da sala, sentinela do tempo laico da
Casa, agora todo de Deus: Campanário Alto
Onde não chego eu. É Seu o 'Sino da Minha
Aldeia'. O piano dos livros, o tic-tac-tic-tac
Dos relógios dos pulsos das mãos. Os teus
Olhos olham cada vez mais e acontece tua
Boca ter ("já gastámos as Palavras pela rua
Meu amor") caminhos emudecidos. Ouviam
tanto os teus olhos. As lombadas dos livros,
Os teus óculos, vês melhor sem eles! Vêem
P'ra lá disto e não o saber eu sabendo-o eu.
Os meus cruzam os teus e não falamos por
Isso ou não, dura esta conversa. Já tirámos
Os relógios? É só amanhã que te tem Deus.
Tic-tac-tic-tac! Os livros: ando a ler as tuas
Mãos de papel. Ouves o som do piano? São
As minhas mãos a tocar cada lombadada. A
Ter-te devagar. Tic-tac-tic-tac. Já é amanhã?
Sem comentários:
Enviar um comentário