De todas, a que se abrindo
Já vem fechada. Daquelas
Todas a que sopra calada.
A que faz do perto o mais
Longe dos lugares; beiral
Do cais antemomento do
Infindo mar. Palavra gelo
Advérbio 'Quase', é faca
Que esperançoso mata!
De todas, a que se abrindo
Já vem fechada. Daquelas
Todas a que sopra calada.
A que faz do perto o mais
Longe dos lugares; beiral
Do cais antemomento do
Infindo mar. Palavra gelo
Advérbio 'Quase', é faca
Que esperançoso mata!
Porque se vive como
Se não morressemos
Eternidade arrogante
Que mata quem vive
Por conta dum nome
Leque vaidade pavão
O querer-se tamanho
De Humanidade que,
Dure o que durar, irá
Um dia acabar, justo
Sem sobrevivos p'ra
Grado nome se libar
Cujo vate ao engano
Imorredoiro predisse.
Esta é a segunda manhã no mundo
E estamos sós. Nós; depois de nós.
Dá-me esta tua mão e dá-me a tua
Outra mão e as minhas dou às tuas.
Vem dançar connosco! Tu, eu e nós
Aqui neste lugar sem música, neste
Sítio de mais ninguém. Nem ontem,
Nem amanhã. Não digas nada nem
Eu nada direi. Põe o silêncio a tocar
Mãos de cabelos, segredo revelado
O teu corpo; o teu corpo desta vez.
Mãos de olhos, poema teu recitado
O meu corpo; meu corpo outra vez
Mãos trazendo-nos amor em mãos.
A leviandade sendo tão airosa
Desfere as mais pesadas balas.
Crê! Não és tu que anda depressa
Sou eu quem meu passo retarda
Para que, por inteiro, veja o teu:
Inteiramente seu o movimento.
A forma dorme na pedra; assim um eu menino
Em mim. A palavra desencanto tem por Canto
Seu íntimo dentro: um recanto, a voz segunda
O dia novo, ode, onde onda a esperança. Não
Porque se repita, mas porque se permite uma
Primeira vez depois da primeira vez. Alevante
À condição do destino de feliz não ser jamais.
Exibia invulgarmente as fragilidades
Como se, por contrários, desafiasse
Do mundo suas lógicas. Porque era
Com aceso pudor que ocultava uma
Força única que vulcânica trazia sob
A placidez anémica o parecer; como
Se fosse deveras impróprio ostentar
Tanta riqueza entre gente indigente.
Podem todas as sedes aqui,
Pelo sortilégio do olhar que
Recebe, beber de ti o amor.
Porque demoras! Poucas horas o
Dia tem e tu não vens. Porque te
Espero? Eternidade cada minuto
Porque dói a esperança um vaso
Que morta a flor já sua terra tem.
Sei nunca da cidade onde
Cheguei, onde me chego
Diariamente. Aconchego
De quem partiu noutros
Lugares inteiras raizes
De sonho e se achega
Na cama aberta inda
A da véspera já meu
Ontem se fizera por
Boas mãos nela me
Deito e acordo para
Dias novos d'alegria.
É Outono e quando te
Oiço chorar é-o ainda
Mais; as folhas caídas
Não são suas mãos a
Ti cingidas a dizer oh
Meu amor eu voltei a
Este lugar para te vir
Buscar. Bem vejo no
Teu olhar tal desejo.
As minhas mãos as
Suas o não são; sei
Disso e tanto mais!
Mas, se imaginares
Uma árvore d'amor
Por ele desenhada
Vê nelas os ramos
Que te quis deixar
Para te agarrares!
Fui eu que do sonho
Me perdi? Ou, inteiro,
Perante ele decresci?
Não sou de mim
Nem serei daqui
Além deste mar,
Nada mais quis!
Inevitável; inevitavelmente dou por mim
Lá. Algo no lugar da vontade. Conduzido
De olhos vendados e essa mesma oculta
Mão deslaça: lá, o terreiro onde tanto eu,
Tantos sucessivos eus, inícios inacabados.
Como se um remoinho, um motor dentro,
Impedisse a água que poderia ter sido o
Meu próprio rio para que me acabasse.
Que pena! Tantos fins sem começos.
Inda assim, traços, sopros do vento
Belo, passam e olho-me infindo...
Quando digo meu amor
Tu enunciado denúncio.
Não por tê-lo por certo
Incerto diz-se amanhã!
Mas porque invocar-te
A voz meu breu aclara
Vendo-te tangível dou
Um passo adiante no
Que retive; enquanto
Ficármos abraçados
Em afeição perdure.
Se, no lugar de dizer como deveria ser,
Visse desprendidamente como é; se me
Permitisse ver seu ser ser tão simples, se
Deixasse que sua razão de ser chegasse
A mim, tal como o aroma do café adianta
Seu travor, talvez me apercebesse que é
Inteiramente certo o seu jeito de ser p'ra
Que, a tempo, meu desacerto corrigisse.