Eu disse a palavra e fiquei de
Silêncio para ouvir o início do
Seu som. Exactamente como
Uma onda lambendo a costa.
E a palavra inflama o metano
Do ar e acende-se no quarto
Um pássaro ou nesta cabeça
Mas as vogais não se abrem
No escuro da exiguidade. Há
O espaço a pedir respiração
Para que as asas expandam
O sentido que trazem e daí
Não inteiramente a palavra
Diáfana de cor arrebol das
Coisas intermédias o meio
Duma coisa e outra. Sopro
Angustiado é de asas que
Se faz o som encurralado.
É debaixo disto a cantiga:
Um rosário de cantos de
Choros baixinhos duma
Dor continuamente dor
Sem nunca tão grande
Para além disto assim.
A palavra tem rotação
Mas a maquinaria do
Amanhecer retarda
O seu voo e janelas
Há do lado de fora
Como outroras que
Se traz na algibeira
Berlindes e abafas
Para o jogo acaso.
Mas preciso esta!
Vê-las não me dá
Esta deste agora.
Eu digo a palavra
Mas meeira não
Me disse o hoje.
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