Sim; isso, eventualmente. Restituição. Como
Se me sentasse breve a teu lado num banco
Do jardim, algures. Percebo que envelheço -
Outrora lugar de velhos a sessão da matiné
Seu equivalente e agora cada vez mais meu.
Mais de mim lá; crónica dum lugar onde me
Aporto como naquele dia tem dois invernos
Já em que chovia tanto o tamanho a tristeza
Que trazia vi para lá de tudo alguém que me
Sorria eu mesmo dum verão avante dizendo
Outros claros dias dessa água chorada, céu
Que nos olha e vela quando lhe imploramos
O não-lugar o anti-nós. Um outro como não
Fosse possível mais. Aquelas escadas onde
Desabei e jurei, jurei nunca mais, um minuto
Apenas, eternidades de curta conveniência,
Que não voltaria à ucronia do teu tempo. Vi
O redor. Ao vê-lo, coloquei-me lá: na chuva
No verde, copas bailarinas aspergindo água
E esguias de espera; fugidias pessoas acolá
Ilustração vagas, encasacadas nos lutuosos
Guarda-chuvas. E dei-me. Chovi, chorei e ri
Um fim de mundo na borrasca monumental.
Depois parou. Parou. Parei. Sentei-me vazio
Exausto. Restituído. Sentindo os pés irem no
Curso da água rente escoando-se no asfalto
Em declive, um espelho aquoso a cintura alta
Da cidade vagamente reflectida. Falo contigo
Outrora vivo, e sinto a tua mão sobre a minha
Num afago seda distraído até me acalmar no
Torpor embalado. Tu, ao longe num lugar teu
Podes sorrir não há culpa em seres feliz após.
Faz mossa, claro que sim mas sigo a maré na
Cidade e vou, vou indo se for chegarei. Nada
Se conclui. Há o aberto do fim e se principia.
(c) Filipe M. | texto e fotografia (2016)