Há esconsos e desvios onde a luz cria efeitos.
Baloiço e canteiros de cor. Um lado fabril dum
Tempo atrás por décadas e madeiras e bules e
Animais domésticos. E de metal os passadiços
Uma colmeia. Tudo parece suspenso no tempo
Que há-de vir: futurando passados costurando
Fato a vestir nos dias ímpares; radioso augúrio
O Sol macio a dizer quente a pele do amor que
Se aumenta no depois dos corpos o dizerem o
Estarmos ali naquele estupor tempo impreciso
Diluídos numa quimera. Um sonho de que não
Sei sair o sonho a que não sei voltar. A manhã
Improvável ou a ainda mais improvável noite E
A véspera ou a ressaca de algo maior. Tempo
Indeciso ando perdido dele passo encontrado
Um corredor aberto apenas e já tanta a ilusão
Do caminho certo sempre em frente, a direito
Não tem nada que enganar! É certo o relógio;
É sempre uma hora qualquer, qualquer que a
Seja em nós. Desoras: atrasado e antecipado
Uma biga em desgoverno na cabeça não nos
Pés ponteiros avessos ao pensar sempre em
Frente, não tem nada que enganar! É manhã
Sóis pondo ouros aqui e ali ou toalhas de luz
Que o olhar acerta aqui e ali. Engaste do ser
Feliz, preciosa gema este sentir novo de me
Ser leve, o andar distraído de puro descuido
De quem não se leva a sério é que tem mais
Jeito encontrar do que se andar procurando
O que não é de achar: um rosário tem várias
Estações sem apeadeiro: por certo a do fim!
Há ruas de empedrado escorregadio e deixo
Que me leve onde me queira levar inteiro dia
É porção de Eternidade que se faça em mim
Todo essa infinita parte. Há a cidade lenta a
Acordar-se domingo e sou verdade em mim
Donde vim, empreiteiro da estrada sem fim!
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