Bang, Bang!!!
(I)
A bala na linha de saída: palavra assestada ao alvo;
Projéctil mortal, ponto fatal.
Bang, bang! Corpo ao solo.
(II)
Saber-me, talvez por instinto, acometido duma morte exangue; sem autor material.
Toda ela escorrendo por dentro, desaguando na periferia dum outro lugar onde só a escuridão. O cérebro, com inteireza de sentidos, rememorando vagarosamente o momento imediatamente antecedente: aquela boca (estou certo disso: a tua boca) numa tensão calada, a represar o que haveria de sair!
Um sorriso; melhor, um esgar de cão na intenção do bote. O olhar, toldado, na predição exacta do inevitável e daquela boca [garganta; língua; lábios; saliva] surgir como uma bala cuspida a palavra de há muito esperada: acabou. Finito.
O coração perfurado de lado a lado. Merda!
(III)
Sem corpo, desapossado de mim e de ti e, sequer, por sorte, um par de óculos escuros: vestem ─ quem vê e é visto!
O mundo como nunca o vira antes, porventura demasiado real:
Outrora… outrora… outrora…
O pano desce no seu prumo vertical: FIM.
31.Julho.06
[24.Fev.08]