quinta-feira, 22 de junho de 2017

[Condão]

Era triste e não sabia 
Fui alegre e não podia 
Foi sozinho a condição 
Acompanhado d'ilusão 
Entre esse do coração 
Permeio doutros dias 
Avessos muitos mais
Era noite a dizer dia 
Fingimento meu os 

Todos sonhos idos.




(c) Filipe M. | texto e fotografia (2017)

quarta-feira, 21 de junho de 2017

[Porto Santo]

Meu amor: digo uma janela que se inventa 
Abrindo para vista alguma e, ainda assim, a 
Imagino bela por diante até onde não chego
Tentei o olhar e o corpo debruçado no braço 
Até à península da mão para lá dela imensidão
D'abismo. Meu amor: a cama aberta adormece
Da espera que não vem e com os dedos selo o 
Envelope dos lençóis brancos; fossem lábios e 
Eram frios, um glaciar que arrefece o corpo de 
Vazio sentado, espantalho cansado de volteios
Dos pássaros que nunca viu. Meu amor: é tarde 
O sentir, cedo no desmentido das horas e digo, 
Agora como no outrora de inda há pouco ou de 
Anos não sei bem tudo é impreciso que preciso
Talvez que o eco logre outra voz dupla, fingida 
De ti pouco importa! O vento contrário desenha 
O teu cabelo. Oh meu amor o teu cabelo, crina 
De mar, o último barco do meu peito a zarpar. 



(c) Filipe M. | texto e fotografia (2017)

quinta-feira, 15 de junho de 2017

[Metades]

Só a quem traz escuridão
É dada a compreensão da 
Luz e da sua total precisão. 
Por isso, não se a poder ver 
No aberto modo azul do céu. 
Do dia de curta vida seu arco
É nas franjas do amanhecer e 
Do entardecer princípios que 
Findam que no-la é dado ter
Na meia parte  inteira é dano.


(c) Filipe M. | texto e fotografia (2017)

sexta-feira, 9 de junho de 2017

[O tardar]

Aquele tempo todo 
Ilusão malsã esse 
Tempo todo; um 
Atrapalho para 
Me começar. 

Este tempo escasso 
Aço leve distorcido
Lento e tão breve 
Demais apertado 
Na raiz tropeço
Mudo tempo 
De inacabar.



(c) Filipe M. | texto e fotografia (2017)

quarta-feira, 7 de junho de 2017

[Poliedro]

Quantos lados tem
Nenhum lado? Digo
Três: este nenhures
De agora, um donde 
Não vim e um aonde 
Não chego. Passadas
Dadas em plano cego

Incontido ver não digo.




(c) Filipe M. | texto e fotografia (2017)

segunda-feira, 29 de maio de 2017

[locus]

É no lugar da impossibilidade 

O sítio certo dessa morte. Que 

Num outro se reviva o sobrevivo

Doutra sorte, nunca nada adiante.



(c) Filipe M. | texto e fotografia (2017)


domingo, 28 de maio de 2017

[Aportagem]

Fiz do braço maneira 

De te chegar, da mão

Um gesto de te tocar 

Da boca a doca beijo 

Para na tua o aportar. 



(c) Filipe M. | texto e fotografia (2017)